quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Lapsus linguae

O Público perguntou a alguns analistas de diferentes quadrantes se «há uma ideologia no Governo para além da troika». Orlando Samões, investigador de Ciência Política na Universidade Católica, que a jornalista apresenta como «alguém mais à direita», considera que o Governo «não é suficientemente liberal». Pelo contrário: «o PSD é mesmo social-democrata, porque continua a ter uma preocupação social».
Afirmações como esta última, de crítica intrínseca, esperam naturalmente a colaboração do leitor para serem entendidas pelo que querem dizer e não pelo que dizem. Mas por uma vez tomemo-la à letra. Imaginemos — e até podemos nem estar errados — que o analista foi involuntariamente franco, que a sua frasezinha traidora nos disse indirecta mas exactamente que um governo liberal não se caracteriza por ter uma preocupação social.

Um lapsus linguae verifica-se quando deixamos escapar involuntariamente para o discurso qualquer coisa que estava no nosso pensamento. Acontece com frequência, por infortúnio, quando se supunha que não mencionássemos o que estava no nosso pensamento. Neste caso, é geralmente seguido de um comprometido ups!