terça-feira, 6 de setembro de 2011

Who you gonna call? Ghostbusters?

Não, o problema português não foi apenas elevar a despesa e o consumo a níveis sem correspondência com a produtividade. Não foi só o esbanjamento. O endividamento. Se fosse apenas isto, porque estariam a explodir de raiva os funcionários da denúncia? Porque espumariam? Porque se pareceriam tanto com o professor despótico que assombrava The Wall, olhos a saltar das órbitas?
O que leva aquelas almas da indignação à apoplexia é que, em simultâneo com o regabofe, perpassou pelo país, aqui e ali, uma brisa de civilização. Algumas pessoas permitiram-se sonhar com um Estado ao serviço do cidadão, cultura descentralizada, assistência na doença, serviços abrangentes e próximos, disseminados.
Onde já se viu? Quem se julgou esta gentinha?
O professor nazi que agora nos fustiga não nos censura tanto o desacerto das medidas tomadas, a insensatez das políticas seguidas. O que o deixa fora de si é a própria ousadia, a veleidade em si mesma. A impertinência que os vermes tiveram de pretenderem mais do que a sua condição.
Agora não nos basta arrepiar caminho, pagar as contas. Depois de nos saltarem à estrada de dedo em riste, os inquisidores vão querer ir mais além, habitar-nos os sonhos, assombrar-nos as noites de descanso. Que de resto não merecemos.