sábado, 8 de outubro de 2011

A guerra civil pela secessão (ou não) da Madeira

A guerra civil começou nas caixas de comentários dos jornais. Madeirenses e continentais digladiam-se trocando argumentos sobre quem tem o buraco mais profundo, quem produz mais, quem deve menos, quem, à boa maneira adolescente, tem o PIB maior. Como se desconfiava, de um lado e do outro do Atlântico não há quem veja os problemas como eles devem ser vistos: pela sua nocividade intrínseca e geral e não pela sua cor política ou pela sua ocorrência geográfica. Os portugueses tomam parte pelo clã, não pela verdade ou pela razão. João Jardim é um monstro ou um herói, exactamente como Pinto da Costa ou Luís Filipe Vieira consoante vistos do Porto ou de Lisboa. A política para os portugueses, quando não vale menos do que o futebol, é tratada da mesma maneira facciosa. Há a paixão, o regionalismo, a pertença — não há cá “verdade”, “isenção”, “objectividade”, “solidariedade”. As pessoas pensam e agem na convicção de que na “família” reside o bem-estar, o sucesso. Mesmo que isso implique a desgraça da outra parte. Ou sobretudo esperando que isso implique alguma desgraça para a outra parte.