quarta-feira, 8 de abril de 2015

Tolentino

Tolentino de Nóbrega, correspondente do Público na Madeira, quotidiano ilustrador do boçal caciquismo jardinista, era um exemplo do que é ser jornalista.
Morreu hoje, e eu, que admirava a sua coragem, tenho pena, muita pena, e remorsos de nunca ter escrito uma linha sobre ele enquanto vivia.
Para nós, continentais, era fácil lidar com o défice democrático da Madeira declarando, jocosa e unilateralmente (e mesmo assim sem darmos consequência às palavras), a independência da ilha. Era um lavar de mãos, que desculpávamos com as votações norte-coreanas de Alberto João. Tolentino era de outro calibre. Ao que consta, também ria muito, mas profissionalmente informava-nos, ano após ano, com uma coragem que nos devia envergonhar a todos, do desvario madeirense.
Devíamos ter percebido que cada artigo seu não era apenas uma notícia do ultramar, mas uma bitola para a dignidade. Nós sempre tivemos (e temos) os nossos próprios caciques, mas ao contrário de Tolentino fingimos que eles não existem ou contemporizamos.

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